sábado, 22 de maio de 2010

A luta pela felicidade coletiva




Por Modesto C. Batista Neto


Foi plantada na mente fecunda dos brasileiros a idéia de lutar por felicidade pessoal, entretanto os semeadores desta feita foram em sua grande maioria a imprensa golpista de direita, adoradora de praticas clientelistas e de pouca – ou quase nenhuma –consistência ideológica naquilo que pública. Esta imprensa que nasceu e vive a serviço de grupos econômicos vários atua para criar seus currais de “pensadores”, como formadora de opinião que é, esta imprensa se dedica a servir com maestria os interesses de seus financiadores capitalistas e vem infiltrando na cultura política brasileira este seu pensamento.

Não quero dizer com isto que neste pleito presidencial de 2010 esta imprensa fará do ex-governador de São Paulo José Serra do PSDC Presidente da República, ou que a popularidade inconteste do Presidente Luis Inácio Lula da Silva fará de sua correligionária Dilma Rousseff a detentora da cadeira central da nação brasileira, muito pelo contrário, quero dizer que existe um problema na nossa cultura política que vai além das questões eleitorais, quem vai ou não ser eleito se torna questão secundária comparada ao ostracismo político das massas. O nosso problema é sério e envolve as felicidades pessoais de poucos em detrimento da tristeza coletiva de muitos.

Hoje o brasileiro está aquém do processo político, primeiro porque não acredita na classe política sem saber eles, que a composição desta classe passa pelo crivo de seu voto democrático, ou seja: somos também culpados pela baixa representatividade dos ocupantes dos cargos públicos e dos maus representantes do povo estarem se perpetuando – quase que vitaliciamente – no poder. Mas afinal de contas estaríamos nós anestesiados em nossas casas vivenciando nossas vidinhas vagabundas e aplaudindo os condutores do barco que não nos deixam opinar sobre a direção que a embarcação tomará? Não... O voto democrático é justamente a emissão de uma posição do eleitor, entretanto este voto está sendo vendido e comprado, comprado e vendido no lucrativo mercado de uma democracia fugaz.

O problema é que temos uma população que é em sua maioria ainda pobre e uma esmagadora representação de uma elite econômica que finge – sem pudor – representar os anseios das classes desfavorecidas. Neste ritmo democrático encontramos na Câmara de Deputados e no Senado Federal discursos técnicos, eloqüentes e inquisidores que pedem a responsabilidade dos órgãos competentes para sanarem o problema do caos aéreo, mas e o caos urbano? Os ônibus atrasados? As paradas de ônibus sem cobertura? Os funcionários dos transportes públicos com mau humor e maus salários? Ainda discutimos a questão das elites.

Ser ou não ser favorável à eutanásia é um debate mais interessante (e importante) que a reestruturação do SUS? Pode não ser, mas na pauta das discussões da elite o debate é elitizado, distante das massas, distante do povo, distante da realidade dura do trabalhador brasileiro.

Mas tudo bem, nós temos o Big Brother, a Globo, contas a pagar, coisas boas e ruins e vamos continuar lutando pela nossa felicidade pessoal, certo? Certo! Mas e a felicidade coletiva? Também lutamos por ela ou fomos alienados pelo processo de molde de nossas mentalidades feito pela televisão e pelo sistema econômico, social e político vigente?

Estamos mais preocupados com o emprego dos nossos netos, com a gravata italiana, com o carro de nossas mulheres, com as férias do final do ano. Estamos preocupados com o corte do cabelo, com o horário do salão, com nossas aulas de violão. Estamos preocupados com a festa do final de semana ou o banho na piscina dos amigos. Mas não são apenas as classes superiores que estão preocupadas com suas vidas pessoais, infelizmente as classes trabalhadoras estão também afundas nas preocupações pessoais. Estão preocupadas com o cursinho pré-vestibular dos filhos, com o sapato que precisa comprar, com o salário que não serve para muita coisa, com a formatura dos sobrinhos, estão preocupados com o que vai pensar os seus colegas de trabalho se você passar a semana indo com a mesma camisa para a instituição.

E onde está à preocupação com o meio ambiente, com o SUS, com as ruas, os bairros, a cidade, o transito, o transporte, a escoa pública, os assaltos... Estas questões só entram na pauta de discussões no jantar da família pobre quando um ente desta família é ferido por um mal social como este. Quando uma bala perdida mata alguém. Quando o motorista do ônibus fecha a porta antes do idoso subir. Quando um assaltante leva o nosso telefone celular compro no ano retrasado. Mas mesmo assim estas discussões – quando ocorrem – ficam restritas as nossas casas, algumas vezes ganham as paginas dos jornais, mas e as soluções? Elas ensejam aparecer nos poderes legislativos, judiciário e executivo e às vezes até aparecem, entretanto pensadas por uma elite, uma elite que não pega ônibus, não usa o SUS e não estuda em escoa pública.

Então o que podemos fazer? Lutar, lutar e lutar. Filiem-se a um partido, façam parte de uma associação, fundação ou instituição filantrópica. Façam de seu bairro, sua rua e sua escola um campo de batalha numa luta diferente, não focada na felicidade pessoal, mas direcionada a uma felicidade coletiva. Sejam candidatos, apresentem suas propostas, combatam a compra dos votos. Pensem, reflitam, ajam e reajam... Só assim podemos mudar o nosso Brasil.

Muitos homens no mundo abdicaram de sua tranqüilidade no lar para lutarem pela felicidade coletiva das pessoas. Darcy Ribeiro, Leonel Brizola, Luis Carlos Prestes, Joaquim Nabuco, Chico Xavier, Nelson Mandela, Martins Luther King, Jesus Cristo e outros. Não precisamos ser heróis, mas precisamos olhar ao redor e enxergarmos nas outras pessoas seres humanos como nós que também vivem e amam e como todo homem e mulher também devem ter o direito de ser feliz.

É necessário ter cara, coragem e vontade de mudar o país. Reclamar sem ação não leva as pessoas a solucionarem o problema. É preciso mais. Indignação sem atitude é o ato de assentir com a cabeça e ser co-responsável pelos problemas sociais.

Sou filiado ao PDT, sou dirigente, militante, ideólogo, idealista e companheiro de milhares de amigos e amigas que acreditam no socialismo e pensam em mudar o mundo. Na verdade sou revolucionário. Sou teórico político, mas vou às ruas contribuir com o meu partido e o meu país. Acredito piamente que ir as ruas é um bom caminho, quem sabe assim eu posso dizer que fui um dos pássaros que levou água no bico para apagar o incêndio da floresta. Posso dizer que não pensei só em mim, e que tive a sensibilidade política e social para encontrar no outro que não conheço uma pessoa que também merece ser feliz.

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