sexta-feira, 27 de maio de 2011

Núcleo de História da UFRGS promove seminário sobre 50 anos da Legalidade


O Núcleo de Pesquisa em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) promove, nos dias 31 de maio (terça próxima) e 1º de junho, o seminário O Cinqüentenário do Movimento da Legalidade (1961-2011): a trajetória política de Leonel Brizola e de João Goulart. O local é o prédio 43322 do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade, no Campus do Vale, em Porto Alegre. Inscrições e informações pelo e-mail nph@ufrgs.br ou pelo telefone (51) 3308- 6631.

De acordo com a programação, o objetivo é inserir o movimento liderado por Brizola numa cadeia mais ampla de acontecimentos, que culminou na ditadura, implantada em 1964. O seminário vai apresentar relatos de participantes dos acontecimentos de 1961, além de documentários e pesquisas acadêmicas sobre a trajetória política de Leonel Brizola e de João Goulart.

PROGRAMAÇÃO:

Dia 31/05/11

14h — Lançamento da Exposição — O Movimento da Legalidade (Galeria Olho Nu)

14h15 — Apresentação do Documentário João Sem Terra, dirigido por Tereza Noll Trindade

16h — Mesa-Redonda 1 — A questão da terra no governo Brizola (Debate sobre o documentário). Marluza Marques Harres (Unisinos), Teresa Noll Trindade (USP).

19h — Mesa-Redonda 2 — O Movimento da Legalidade por alguns de seus protagonistas. Almoré Zoch Cavalheiro (Ex-sargento, deputado estadual PTB/RS em 1962). Cap. José Wilson da Silva (Presidente da AMPLA — Associação de Defesa dos Direitos e Pró-Anistia Ampla dos Atingidos por Atos Institucionais)

Dia 1°/6/11

9h — Apresentação do documentário Jango em Três Atos, dirigido por Deraldo Goulart

10h — Mesa-Redonda 3 — Brizola e Jango no Exílio. Carla Simone Rodeghero (UFRGS) e Christopher Goulart (Instituto João Goulart)

14h — Mesa-Redonda 4 — Brizola: governador do Rio Grande do Sul — Brizola: governador do Rio de Janeiro. Mercedes Cánepa (UFRGS) e João Trajano de Sento-Sé (UERJ)

Sobre os participantes:

Almoré Zoch Cavalheiro – Ex-sargento, deputado estadual, eleito em 1962 pelo PTB-RS. Não pôde assumir o mandato. Sua trajetória é representativa do desejo de participação política que os subalternos das Forças Armadas manifestaram, no início dos anos 60.

Cap. José Wilson da Silva — Como tenente, tomou parte da mobilização política de militares nacionalistas entre o movimento da Legalidade e o golpe de 1964. Com o golpe de 1964, partiu para o exílio, no Uruguai, estando próximo de Leonel Brizola. Participa, desde 1979, da Ampla — Associação de Defesa dos Direitos e Pró-Anistia Ampla dos Atingidos por Atos Institucionais.

Marluza Marques Harres — É professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Unisinos. Autora da tese Conflito e conciliação no processo de reforma agrária do Banhado do Colégio, Camaquã, Rio Grande do Sul, defendida na UFRGS.

Teresa Noll Trindade — Tem graduação em Realizações Visuais pela Unisinos, Curso de Realização de Documentário, na Escuela Internacional de Cine y TV, San Antonio de Los Bagnos, Cuba (2009), e Mestrado em Multimeios pela Unicamp (2009-2011). Dirigiu o documentário João Sem Terra, lançado em 2010.

Carla Simone Rodeghero — Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem se dedicado à pesquisa e orientação de temas como anticomunismo, regime militar, anistia, historiografia e memória. É autora dos livros O diabo é vermelho: imaginário anticomunista e Igreja Católica no Rio Grande do Sul (1945-1964), publicado pela Editora da UPF, e Capítulos da Guerra Fria: o anticomunismo brasileiro sob o olhar norte-americano, publicado pela Editora da UFRGS.

Christopher Goulart – Advogado, neto do ex-presidente João Goulart, diretor do Instituto João Goulart. Faz parte da comissão nomeada pelo governador Tarso Genro para organizar os eventos relativos ao Cinquentenário do Movimento da Legalidade.

Mercedes Canepa — É professora de Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Suas pesquisas têm ênfase em instituições políticas comparadas, comportamento político-eleitoral e políticas públicas. É autora do livro Partidos e Representação Política: a articulação dos níveis estadual e nacional no Rio Grande do Sul (1945-1965).

João Trajano de Sento-Sé – É professor de Ciência Política na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Teoria Política. É autor do livro Brizolismo. Estetização da Política e Carisma, publicado pela Editora da FGV.

"Mais do que pérola, um diamante negro", diz Lupi sobre Abdias, cremado hoje no Rio

Nelson Mandela e Abdias do Nascimento




O corpo do ativista do movimento negro Abdias do Nascimento foi cremado no início desta tarde no Rio de Janeiro. Segundo a administração do crematório, a cerimônia acabou às 13h30.

As cinzas do Abdias do Nascimento serão levadas para a Serra da Barriga, em Alagoas, local do maior centro da resistência negra no Brasil, o Quilombo dos Palmares.

Nascimento morreu às 22h50 de segunda-feira (23), aos 97 anos, no Hospital do Servidor do Rio de Janeiro. Ex-deputado, secretário estadual e senador, foi também pintor autodidata, escritor, jornalista, poeta e ator.

Ele estava internado desde o dia 15 de abril e morreu de insuficiência cardíaca, segundo a assessoria de imprensa do hospital.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voou à capital fluminense exclusivamente para o velório, divulgou uma nota de pesar pela morte de Nascimento.

Segundo o ex-presidente, Abdias "foi um lutador brilhante e incansável contra o racismo e por um Brasil melhor. Militante político, jornalista, professor, intelectual e artista, sua coragem e inteligência na defesa dos direitos e da auto-estima dos afro-brasileiros são um exemplo e motivo de orgulho para todos nós. Nesse momento de dor, me solidarizo com sua esposa, Elisa Larkin Nascimento, com todos os parentes e amigos".

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Abdias do Nascimento: um herói da cor do Brasil

Abdias do Nascimento e Leonel Brizola




Por Modesto Neto

O Brasil e o movimento negro do mundo sofreram uma baixa de peso e tamanho ideológico e político inconteste. Neste 24 de maio de 2011 Abdias do Nascimento nos deixou para ingressar no exercito dos cavaleiros celestiais ao lado de outras grandes figuras da humanidade que dedicaram sua vida e seu sangue a luta desigual por igualdade e justiça para todos.

Abdias nasceu na França, escreveu livros, foi ator em teatros, fez poesias, militou na política e debateu a questão negra. Algumas de suas publicações ganharam importância para a discussão do negro no Brasil. Nosso herói cruzou a América Latina na condição de poeta do grupo Hermandad Orquídea e sua vivencia no Brasil foi ceifada pelo autoritarismo do Regime Militar forçando-o a exilar-se. Com a abertura democrática volta ao Brasil no processo de queda da Ditadura Militar e se elege deputado federal, torna-se senador e mantém-se firme na luta pelos direitos humanos.

No Congresso Nacional Abdias torna-se uma referência para o movimento negro e apresenta o primeiro projeto de lei propondo políticas públicas de igualdade racial, que chama de ação compensatória. Retoma a proposta da Convenção Nacional do Negro de 1946 e submete à apreciação o projeto de lei que define o racismo como crime de lesa-humanidade. Atua de forma intensa pelo fim das relações do Brasil com o regime racista de apartheid na África do Sul e pela independência da Namíbia.

Abdias do Nascimento foi uma figura que lutou e dedicou sua vida a causa negra no Brasil, a igualdade e a justiça. Amigo de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro foi um dos fundadores do PDT e defensor da cultura negra e do candomblé assim como outras matrizes religiosas de origem africana. Da mesma forma como a África legou ao mundo o pacifista Nelson Mandela, os Estados Unidos da América o Martin Luther King, o Brasil entrega a humanidade o Abdias do Nascimento, um herói da cor do Brasil.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Missa lembra os três anos da morte de Jefferson Péres

Em uma cerimônia discreta, parentes e amigos de Jefferson Péres participaram, ontem (23/05), em Manaus, da missa pelos três anos da morte do então senador pelo PDT. A cerimônia religiosa ocorreu na Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, localizada na avenida Mario Ypiranga Monteiro, antiga Recife. Cerca de cem pessoas passaram pelo local, segundo estimativa da família. Péres morreu em 2008, aos 76 anos, em sua residência, vítima de um infarto fulminante.

Entre os presentes, políticos que receberam o apoio do então líder do PDT, a exemplo do ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB) e do ex-senador Jefferson Praia (PDT), primeiro suplente que assumiu o lugar de Jefferson Peres após a morte.

Os filhos Roger e Ronald Péres permaneceram ao lado da mãe, Marlídice Peres, durante quase toda a cerimônia. Apenas um dos filhos, Rômulo Péres, não pôde estar presente, pois está fora do país. “Três anos se passaram e parece que foi ontem. Uma pessoa tão presente e de personalidade tão especial não sai assim do imaginário da gente”, lamentou Marlídice, emocionada.

Conhecido por sempre carregar a bandeira da ética na política, Jefferson Péres ainda será lembrado em muitas ocasiões, garante Marlídice. “Na próxima sexta-feira (27), por exemplo, fui convidada a participar da entrega de cem títulos definitivos aos moradores do bairro de Aparecida (Zona Sul), ação que só foi possível a partir da luta dele (Péres) para ajudar essas pessoas”.

Ela explica que, uma semana após a morte do senador, o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva atendeu a um pedido de Péres e sancionou a lei que determinando que as terras invadidas décadas atrás fossem doadas aos atuais moradores. “Ele era um ser humano cujas qualidades superavam os defeitos e, talvez, por vivermos em um mundo com pessoas com tantos defeitos é que ele se destacava e fazia questão de exercer suas qualidades”, concluiu.