segunda-feira, 9 de maio de 2011

Reforma política ou concessões do sistema?

Fonte: Gosto de Ler / 8 de maio de 2011

Modesto Neto, é acadêmico de História e Vice-Presidente da JSPDT/RN.

Faz décadas que a classe política vende a população brasileira suas pseudo boas intenções de constituir uma reforma política que regule as distorções do sistema eleitoral e amplie a participação popular. Hoje a grande critica ao processo de condução da reforma diz respeito à morosidade, a lentidão e a quase paralisia no andar das discussões, contudo passa despercebida por vários setores – tanto da imprensa quanto políticos – a ausência da participação popular na construção das propostas.

Voto em lista, voto distrital, suplência de senadores e financiamento público de campanha são temas que estão distantes do entendimento da grande população que alheio entrega de bandeja a condução e a participação nas discussões ao parlamento que é notoriamente corrupto – ressalvando alguns poucos quadros.

Talvez deste parlamento fraco ideologicamente e frouxo moralmente saia alguns paliativos, poucas mudanças e – com sorte – algumas rupturas propostas pelos pequenos e minguados setores da esquerda autentica que tanto na Câmara Federal quanto no Senado da República se resume a um contraponto a visão dominante, sem muita ressonância.

Creio que os corsários da corrupção navegaram tranqüilos nas águas mansas e pacatas do Congresso Nacional e construíram ao seu bel prazer à reforma, que em síntese não será reforma de verdade. O emaranhado jurídico que se aprovará será um conjunto de pequenas concessões do sistema político dominante, representado por políticos como José Sarney e Renan Calheiros que pretendem castrar a possibilidade de insurreição de novos grupos políticos. Algumas concessões serão feitas no intuito de causar o efeito ilusório de que se conquista mais abertura política. Teremos mudanças, não novidades.

Ao fim do jogo de cartas marcadas do Congresso Nacional, teremos a permanência da conservação dos interesses majoritários dos quadros que fazem o parlamento e um arremedo para chamarmos de reforma política. Arremedo este que passará mais uma vez despercebido pelo povo brasileiro, que no apogeu de sua apatia política mais uma vez dará as coisas a um processo político importante que alterará as regras de um jogo que fatalmente continuará injusto.

A representatividade política brasileira é falida em todos os sentidos e perspectivas. O conjunto de nossos representantes em sua maioria são oriundos de berços nobres e carregam sobrenomes pomposos, e são estes filhos e netos de senhores feudais que representam a massa proletariado e sub-assalariada que ganha um salário mínimo e se desdobra na mágica do cotidiano para manter o alimento na mesa. É gente deste tipo que precisa ir ao parlamento, que talvez não tenha a escolaridade dos bons colégios suíços no Brasil, mas que possui a sabedoria de um povo que labuta pela sobrevivência. Isso seria novidade, e no máximo a reforma política trará algumas poucas mudanças.

Alias, é uma reforma ou apenas uma concessão?


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