Por Modesto Neto
O Brasil e o movimento negro do mundo sofreram uma baixa de peso e tamanho ideológico e político inconteste. Neste 24 de maio de 2011 Abdias do Nascimento nos deixou para ingressar no exercito dos cavaleiros celestiais ao lado de outras grandes figuras da humanidade que dedicaram sua vida e seu sangue a luta desigual por igualdade e justiça para todos.
Abdias nasceu na França, escreveu livros, foi ator em teatros, fez poesias, militou na política e debateu a questão negra. Algumas de suas publicações ganharam importância para a discussão do negro no Brasil. Nosso herói cruzou a América Latina na condição de poeta do grupo Hermandad Orquídea e sua vivencia no Brasil foi ceifada pelo autoritarismo do Regime Militar forçando-o a exilar-se. Com a abertura democrática volta ao Brasil no processo de queda da Ditadura Militar e se elege deputado federal, torna-se senador e mantém-se firme na luta pelos direitos humanos.
No Congresso Nacional Abdias torna-se uma referência para o movimento negro e apresenta o primeiro projeto de lei propondo políticas públicas de igualdade racial, que chama de ação compensatória. Retoma a proposta da Convenção Nacional do Negro de 1946 e submete à apreciação o projeto de lei que define o racismo como crime de lesa-humanidade. Atua de forma intensa pelo fim das relações do Brasil com o regime racista de apartheid na África do Sul e pela independência da Namíbia.
Abdias do Nascimento foi uma figura que lutou e dedicou sua vida a causa negra no Brasil, a igualdade e a justiça. Amigo de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro foi um dos fundadores do PDT e defensor da cultura negra e do candomblé assim como outras matrizes religiosas de origem africana. Da mesma forma como a África legou ao mundo o pacifista Nelson Mandela, os Estados Unidos da América o Martin Luther King, o Brasil entrega a humanidade o Abdias do Nascimento, um herói da cor do Brasil.
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