quinta-feira, 16 de abril de 2009

A crise do sistema


A crise do sistema por Modesto C. Batista Neto




Alguns intelectuais, jornalistas, economistas e até alguns sociólogos insistiam na tese que o sistema iria passar por problemas e aos poucos o sistema iria se reciclar, muitas vezes na historia da humanidade foi assim. Todavia estes prognósticos parecem estar equivocados, os problemas existem, porém as soluções não parecem tão plausíveis.

As crises que assolam o Brasil são de proporções oceânicas e de densidades assustadoras. A sociedade civil organizada em sua letargia, na sua passividade, não se mostra pronta para movimentações e muito menos para mudar o rumo e as direções de nosso futuro, que são guiadas conforme a força do vento.

As crises acontecem nas mais diversas esferas. A crise econômica internacional, irresponsavelmente apelidada de “marolinha” pelo presidente Lula da Silva (PT) chegou ao Brasil fazendo estragos desastrosos. Informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), revelam que houve fechamento de 797,5 mil postos de trabalho com carteira assinada entre os meses de novembro de 2008 e janeiro de 2009. Os dados não são só assustadores, são catastróficos e preocupantes.

No Estado do Rio Grande do Norte e na sua capital, Natal, existem três crises: a educacional, a da saúde e a queda no repasse do Fundo de Participação dos Municípios – FPM, que ocorre em todo Brasil. Os professores estão em greve, solicitando as promessas que foram asseguradas e assinadas pela governadora Wilma de Faria (PSB) no ano de 2007, compromissos estes que até agora não foram cumpridos. Na saúde os leitos lotados, os pacientes aglomerados em macas pelos corredores e cidadãos sem atendimento são retratos da atual falácia que é a saúde pública na capital e no interior do Estado.

A queda de FPM está deixando muitos municípios do RN em estado de calamidade publica. As obras do PAC na cidade de Mossoró e em outras cidades do Brasil estão empacadas, não andam, não acontecem, não existem... Estes e outros fatos levaram o senador Cristovam Buarque (PDT) a afirmar uma verdade inquestionável: “precisamos de uma revolução, não de um PAC”.

O Brasil vive muitas crises. Crise econômica, crise ambiental e ecológica, crise educacional, crise cultural, crise moral, crise de identidade e muitas outras...

Litoral com ciclones tropicais e avanço do nível do mar, floresta amazônica e nordeste com paisagens de deserto e uma reorganização da produção agrícola brasileira. Esses são apenas alguns cenários que a organização não-governamental Greenpeace prevê para o Brasil no próximo século, devido ao aquecimento global. Isso já é o suficiente para levarmos mais a sério os desmatamentos que acontecem na floresta amazônica.

O Brasil não vive uma crise no sistema com problemas inseridos no sistema. O Brasil enfrenta hoje uma crise do sistema: O sistema brasileiro está em crise.

Não é só uma questão de gestão, é uma questão que envolve a forma de ver a vida, as coisas e a sociedade...

A crise que o Senado Federal está passando com os últimos escândalos denunciados pela grande imprensa, onde se descobriu o número assustador 181 diretorias dentro da casa é apenas a continuação de uma novela antiga. Mais um capítulo de “A Casa Suja”...

O atual presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva (PT) prometeu realizar a sonhada reforma agrária para chegar ao poder e quando chegou ao poder nada fez para realizar a reforma. O presidente em seu desgoverno mostrou-se amigo dos banqueiros, aliado do neoliberalismo e caracterizou-se como a continuação dos desastres Collor e FHC.

Além disso, e mesmo enfrentando uma crise econômica internacional o presidente Lula se mantém acima dos 70% de aceitação popular.

É a crise...

"O Brasil é um asilo de lunáticos onde os pacientes assumiram o controle." – Assim classificou o jornalista, critico de teatro e escritor Paulo Francis. Se ele está certo não podemos afirmar, mas falar que ele está errado não parece um veredicto unânime.

O fato é que crises só podem ser enfrentadas com coragem, responsabilidade, ousadia e luta. O povo brasileiro tem que tomar as rédeas e fazer a carruagem andar pelos caminhos certos para podermos chegar com sorte, a um lugar melhor.


Modesto Cornélio Batista Neto – Escritor e estudante de Historia da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN)



FONTE: Jornal CAJARANA/Coluna Via Independente

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